A hipnose utiliza a técnica de indução do transe, que é um estado de relaxamento semi-consciente, mas com manutenção do contato sensorial do paciente com o ambiente.
O transe é induzido de modo gradual e por etapas, através da fadiga sensorial, que geralmente é provocada pelo terapeuta usando a voz, de forma calma, monótona, rítmica e persistente. Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada; o que requer um elevado nível ético do terapeuta. A hipnose leva então à várias alterações da percepção sensorial, das funções intelectuais superiores, exacerbação da memória, da atenção e das funções motoras. Estabelece-se uma alteração de estado da consciência, um tipo de estado que simula o sono, mas não o é (a pessoa não "dorme" na hipnose): o eletroencefalograma (EEG) do paciente sob hipnose é de vigília, e não de sono.
A hipnose afeta os mecanismos da atenção, em uma parte do cérebro chamada substância reticular ascendente (SRA), localizada na sua parte mais basal (tronco cerebral). Essa área, que também tem muitas funções relacionadas ao sono, ao estado de alerta, e à percepção sensorial, "bombardeia" o cérebro continuamente com estímulos provenientes dos órgãos dos sentidos, provocando excitação geral. A inibição da SRA leva aos estados de sonolência e "desligamento" sensorial.
Cerca de 90% das pessoas é hipnotizável pelo menos a nível das necessidades terapêutica; alguns podem não sê-lo para etapas mais profundas. Esses 90% têm graus diferentes de sensibilidade: todos eles podem ser colocados sob hipnose. Só não entrarão na hipnose os surdos e os totalmente inaptos a compreender a essência mínima do que lhes esteja sendo dito.
Entidades como Associação Médica Britânica, Associação Médica Americana, Associação Médica Canadense e Associação Americana de Psiquiatria reconheceram a força da hipnose como modo de diagnóstico e tratamento de problemas específicos.
A hipnose tem muitas indicações específicas em Psicologia, Psiquiatria e em Medicina Geral.
Tirar a dor é uma das suas indicações básicas. Na verdade, como não se pode mentir ao paciente sob hipnose, a sugestão não é a de que a dor deixou de existir, mas que ela se vai transformando progressivamente numa sensação tolerável e aos poucos vai se dissipando.
Outra área de aplicação da hipnose, com bons resultados, ocorre no controle das doenças psicossomáticas, tais como a asma, cefaléia, e os problemas psicodermatológicos (como eczemas).
O controle dos impulsos é outra excelente área de atuação para a hipnoterapia. Ela se revela de grande valor para o tratamento de distúrbios das condutas dependentes do controle de impulsos, tais como:
=> as alterações de comportamento alimentar (obesidade, anorexia e bulimia);
=> as diferentes dependências químicas, do álcool ao "crack", passando pelo fumo.
A hipnose também tem grande eficácia no tratamento dos medos fóbicos, no domínio sobre os instantes de desencadeamento da doença do pânico, no controle da ansiedade e dos componentes emocionais da depressão, no controle do impulso suicida e reativação dos valores da vida, etc. Em muitos desses casos, ela é acompanhada também do uso de medicamentos apropriados (como antidepressivos).
A Hipnose foi reconhecida e pode ser utilizada, apenas, por três Conselhos Federais (Psicologia, Medicina e Odontologia), por isso a importância da busca de profissionais habilitados, estando alerta à práticas de profissionais anti-éticos e/ou hipnotizadores de Palco.
A REDECISÃO NA ANÁLISE TRANSACIONAL
Robert e Mary Goulding (Ajuda-te pela AT) enfatizam as mensagens patológicas dos pais a seus filhos. Mensagens estas que se acreditadas pela criança, poderão levar a distúrbios existenciais crônicos. Os autores chamam essas mensagens de Injunções e contra-injunções.As Injunções são as mensagens oriundas da Criança dos pais e dirigidas à Criança dos filhos em circunstâncias que lhes causam dor: tristeza, ansiedade, desapontamento, raiva, frustração, desejos secretos, etc. São mensagens irracionais.As contra-injunções são mensagens do estado de Ego Pai dos pais dirigidas ao estado de Ego Pai dos filhos, são mensagens restritivas, que se atendidas, poderão impedir o crescimento e a flexibilidade, que segundo os autores incluem os Compulsores listados por Taibi Kahler mais a contra-injunção "não".
Os Goulding, no início de seus trabalhos, não reconheciam a distinção entre Injunção e decisão. Eles procuravam as "palavras exatas" e a "cena mais antiga", onde as Injunções haviam ocorrido. Acreditavam que se descobrissem a Injunção, automaticamente descobririam a decisão. Com o desenvolvimento de seus trabalhos descobriram que, embora os clientes recordassem cenas antigas e Injunções notadamente similares, cada indivíduo decidia sozinho. Ou seja, descobriram que os clientes não eram "roteirizados" pelas Injunções dos pais. Cada criança toma as decisões sozinha, e assim cria seu próprio "roteiro".
Para os referidos autores existem tanto decisões do Adulto como decisões da Criança. R. Goulding afirma (in: Doces Lembranças de Amor - A História da Terapia da Redecisão - por Mary Goulding,): "As decisões do Adulto são limitadas pelo tempo e geralmente não estão fechadas na estrutura da personalidade do indivíduo", p. 116. Citam o exemplo da criança pequena que quer sair do chiqueirinho: usa as informações adultas adquiridas, o processo de pensamento de Adulto, mais a tentativa e erro, para desaparafusar o cercado ou empilhar brinquedos para subir e pular para o lado de fora. Se a criança recebe estímulos positivos por esta atitude, irá armazenar informações de Adulto adicionais, que irão futuramente ser úteis em decisões de Adulto.Durante a atividade para sair do chiqueirinho, se alguma coisa sair errada, a criança poderá tomar uma decisão Adulta de "continuar tentando até acertar". Ela poderá continuar pesquisando métodos diferentes para realizar a tarefa de sair do chiqueirinho. "As decisões de Adulto são feitas cognitivamente, ajustam-se a uma situação específica e são facilmente modificadas com novos métodos", (idem, p. 116), afirmam os autores .
Se a criança for, por exemplo, severamente punida pela tentativa de sair do chiqueirinho ou cair e se machucar gravemente, ela poderá tomar uma decisão pela Criança para prevenir uma repetição de tal acontecimento.Os autores acreditam que as decisões da Criança são mais freqüentes quando a decisão de Adulto não fornece boas respostas ou boas soluções e parecem ser especialmente verdadeiras quando as decisões do Adulto são acionadas por desejos da Criança Livre. A Criança Livre quer sair do chiqueirinho para explorar outros lugares ou ficar junto com outras pessoas. Quando ela consegue sair e o ambiente torna-se perigoso: perda de amor, dor física, desaprovação severa, uma decisão negativa da Criança Livre será propícia para refrear os desejos da própria Criança Livre. A criança poderá decidir: "Nunca farei isto de novo!", "Nunca tentarei nada novo", "Não sou capaz de fazer nada por mim mesmo", "Gostaria de não estar aqui, assim eles não me magoariam", "Vou fazê-lo me matar", etc."As decisões comportamentais e sentimentais são demonstradas sem palavras e podem, somente, ser supostas". "Para explicar as decisões muito precoces, temos que inventar afirmações para descrever o vazio, a lentidão do crescimento, a rebeldia frenética que uma criança pequena pode sentir ou demonstrar", (idem, p. 117), continuam os autores.Acredita-se que uma decisão da Criança pode ser tomada mesmo sem uma Injunção externa, como por exemplo quando a decisão é feita em resposta ao cair e se machucar gravemente. A criança cria tanto a Injunção como a decisão, e pode no futuro projetar a Injunção em um dos pais.
Uma decisão de Adulto que evoque aprendizado agradável e bem sucedido poderá suscitar o desejo de alcançar o sucesso, ou aprimorar suas habilidades, porque as respostas daquela decisão é algo desfrutável, poderá ser um caminho para conseguir carinho dos outros. Uma decisão de Criança poderá evoluir: "Uau, eu sou o maior!" Como por exemplo, "se a criança não tiver sucesso em aprender a rebater uma bola, uma decisão de Adulto pode ser: 'vou imaginar como fazer isto e trabalhar em cima disso até ser tão bom quanto os outros`" .Por outro lado, se a falta de sucesso trouxer trauma, como perseguição ou escárnio por não fazer a coisa certa, poderá tomar uma decisão de Criança do tipo: "Não adianta tentar. Eu não posso fazê-lo". Se uma criança já tiver tomado a decisão de não ser agressiva, competitiva, ou inteligente, por falta de sucesso em seus dias de chiqueirinho, poderá usar a natação, o futebol ou qualquer outra atividade para fortificar ou explicar a velha decisão, ou ainda tomar uma nova decisão, talvez mais trágica que a primeira, tal como: "Se as coisas não melhorarem para mim, vou me matar".
A terapia da redecisão na Análise transacional é baseada na criação de um meio ambiente terapêutico no qual os pacientes possam redecidir, a partir do estado de Ego Criança".
Os Goulding, ao longo de seus trabalhos, descobriram que algumas vezes ouviam de seus clientes o que realmente havia acontecido no passado, e algumas vezes ouviam o que o cliente pensava ter acontecido e afirmam: "nós aprendemos que parece não importar se ouvimos uma história real ou uma fantasia. Não temos que ficar obsessivos por estarmos ou não ouvindo a verdade a respeito do ontem. Os clientes podem redecidir o que quer que continue a constrangê-los hoje usando realidade ou fantasia" (idem, p. 119).A Redecisão consiste em levar o cliente a reviver a cena-chave na qual deverá haver a Redecisão. É o próprio cliente que irá redecidir sobre o que decidiu no lá e então.Através de técnicas emprestadas da Gestalt, o cliente é levado a reviver o momento em que foi formado a impasse, o que faz parte do processo de Redecisão.
A HIPNOSE E A PRÁTICA DA REDECISÃO NA ANÁLISE TRANSACIONAL:
O indivíduo ao entrar em estado hipnótico, inibe as funções do Sistema reticular ascendendte levando-o ao estado de sonolência e desligamento sensorial fazendo com que o mesmo acesse mais rapidamente e potentemente conteúdos oriundos da relação parental da infância. Conteúdos que se interpretados erroneamente pela criança poderá trazer para sua vida adulta, distúrbios existenciais crônicos.
Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada, potencializando o processo de redecisão que trabalhamos na Análise Transacional. O indivíduo é levado neste momento a reviver situações traumáticas do passado, experenciadas na maioria das vezes em sua fase de infância e com a ajuda do terapeuta ele redecide injunções adquiridas nesta fase, rescrevendo registros que estavam guardados em sua mente, possibilitando que hoje viva uma vida plena de capacitação visando o “aqui e agora”.
Tenho aplicado este prática em meus pacientes e os resultados tem sido surpreendentemente positivos.
Bibliografia:
· Ajuda-te pela Analise transacionalR.L. Goulding
· Análise Transacional em PsicoterapiraEric Berne
· Curso Avançado de AT de Base PsicanalíticaCaracushansky, S.
· Hipnoterapia Eriksoniana Passo a PassoSofia Bauer
· Vivenciando EriksonJeffrey Zeig